segunda-feira, 16 de maio de 2011

Essa tal de política ...

por Kleber Luis.
Nos últimos dias a turma da manhã do PJU – 6ª discutiram muito sobre a atuação no programa de forma política, o que é essa tal de política publica? Porque temos que escolher representantes? O que faz um representante? Porque temos que trabalhar? Que banca nossa bolsa? Porque do atraso? Tratamos destas e de outras perguntas com muita circulação pela cidade, produção e discussão, em um movimento “lento” e “silencioso” um processo rico em reflexões e posicionamentos bem críticos por parte da turma, devido ao longo processo essa postagem é longa, pedimos a compreensão e paciência dos leitores. 

                Para apimentar a discussão o trabalho falando sobre os modelos de organização política que já ocorreram no Brasil, uma viajem a história da democracia brasileira, “Estado Novo”, “Ditadura Militar”, Diretas já!, Será?, esse percurso todo feito a partir de trechos de filmes que retrataram os momentos da nossa história como “Batismo de Sangue”, publicações sobre o período, e muita discussão sobre a forma de gestão que queremos para nossa turma.

Temos a história como espelho, a palavra “demos+kratos” – o poder tomado pelo cidadão e a cumplicidade e respeito que fomos adiquirindo um pelos outr@s em momentos de convivência coletiva, nos ajudou a perceber qual modelo de representação e representante queremos, que não seja um ditador, que não fale pela equipe se não for autorizado, e que de fato represente a turma, não exerça poder sobre ela, ou ocupa posição diferenciada, conscientes da tarefa fizemos as inscrições e defesa dos representantes, um processo bem rico.


Passando o plano Jovem, escolha do representante, o grupo foi convidado a se autogerir, organizando uma exploração para o memorial da resistência, só que desta vez cada grupo teria uma função para que esta exploração ocorresse – verificar o lanche com a Tereza, verificar as linhas de ônibus que vão para lá, agendar o a visita no museu, carregar os bilhetes, cada tarefa tem que ser cumprida para que o todo aconteça
-Kleber você vai com a gente?
-Não dessa vez eu não vou,
- O que? Protestos ...
-É gente estarei em Heliópolis realizando uma atividade com a turma de lá, vocês seram responsáveis por fazer todo o processo de exploração, decidir a hora de sair, de voltar, e lanchar, aonde ir, qual ônibus pegar etc, isso é Auto-gestão experiência importante para conduzir o grupo.

       E assim a exploração foi realizada com sucesso pela turma, fizemos outras duas explorações agora o grupo todo para discutir sobre a política publica de cultura na cidade de São Paulo, fomos ate o Sacolão das artes – espaço gerido por coletivos e grupos de cultura da região do Capão Redondo, e ao Cedeca Interlagos – centro de defesa da criança e adolescente que também é um ponto de cultura. Fomos ate os espaços verificar como estes dois lugares tomavam as decisões e como eles fazem política no seu cotidiano?


     Seguimos o debate na organização formulando um grande mapa da cidade de São Paulo, este mapa servirá também para nos orientar sobre as circulações que realizamos no programa, todas as explorações que faremos ao decorrer do programa será marcada no mapa e um guia de mão, com as impressões de cada jovem vai para este mapa, mas por hora a discussão que nos interessa é destacar como os equipamentos de cultura como estão distribuídos pela cidade, quem faz a gestão etc. O resultado da busca foi massacrante, na zona sul, região maior em extensão territorial e com o maior número de habitantes tinha muito menos equipamento públicos de cultura do que na região central da cidade – dados que retiramos do próprio site da prefeitura[i], outra constatação foi que a grande maioria dos espaços de cultura na zona sul são geridos por grupos e muitas vezes por sua própria conta e risco.

*em breve fotos das produções no mapa. 
    
    Após essa discussão decidimos conhecer a Casa de cultura que temos no nosso pedaço, pedimos aos companheiros/as do Pju 6ª da Comunidade Cidadã, que ocupam o espaço da Casa de Cultura Palhaço Carequinha para nos apresentar a casa, falar como sentem as atividades que ocorrem, fazer apresentações do espaço, se são bem acolhidos na casa etc.

   Antes da visita uma noticia abalou a turma, suas bolsas estão em atraso! Essa noticia gerou um desconforto em toda a turma tanto do período da manhã, quanto da tarde, a todos os momentos durante as atividades percebia que esse era uma assunto que sempre voltava em pauta, explicamos que a bolsa era de responsabilidade da Secretária do Trabalho- SP, e que o processo estava demorando para sair por conta do período estendido de rotatividade, fiz a leitura da carta do Cenpec aos jovens do programa e os próprios jovens resolveram fazer uma carta resposta. Leia aqui !!! !

  No dia seguinte ao envio da carta, recebemos uma visita do Wagner e da Maria do Cenpec para prestar maiores esclarecimentos a turma sobre o ocorrido. Sem muitas conquistas nas reivindicações, muitos desânimos para continuidade do programa e alguns jovens infelizmente decidiram por não continuar no programa, o restante da turma estão optaram por continuar no programa e fiscalizando a data prometida de 10/06 de pagamento da 1ª parcela da bolsa.

   Mas seguimos nas visitações e na politica publica de cultura, enfim conseguimos fazer a tal da visita a Casa de Cultura Palhaço Carequinha, e a turma do PJU 6ª Comunidade Cidadã, logo no inicio fomos muito bem recepcionados pela turma, muita agitação, eramos uma turma imensa de quase 60 jovens, batemos um papo para se conhecer melhor e a turma da comunidade cidadã fez a apresentação das atividades da que rolavam no espaço – pelo relato dos jovens durante a semana o espaço fica meio vazio, não tem muitas atividades, além do programa, a sala de cinema é fechada, e os funcionários da casa de cultura nem sempre são receptivos com eles/as. Mas na sexta a noite eles falaram que tem muita agitação no Calçadão, ou melhor “tem de Tudo”, perguntamos: - Tudo o Que ? A galera falou: - “Tudo mesmo, inclusive confronto com a polícia, carros com som alto etc, é o único dia que vemos a casa cheia disseram os jovens”.

   Finalizamos a visita fazendo um giro pela casa de cultura e observamos exatamente o que os jovens disseram, sem muita movimentação e os seguranças da casa ficou nos seguindo a todo momento, mas o que valeu a pena mesmo foi o encontro com a turma da comunidade cidadã, muita sinergia entre a turma, nos despedimos com a promessa de nos reencontrar no Clube do Itaú no dia 17/05.

   Na organização do jd Prainha, fizemos a avaliação do encontro e o nosso guia cultural de circulação ganhou mais uma pagina, agora com as impressões reais de como o governo trata as questões culturais da região.
   

EU

postagem referente aos dias 26 a 28 de Abril, 3 e 4 de maio

Afinal quem sou eu? Como me defino, faço escolhas? Que influências eu tive, tenho e terei na construção dos meus sonhos, desejos e vontades?
Partindo de questões como estas entramos esta semana na discussão do EU!
Inicialmente assistimos ao filme Frida e discutimos sobre como seus quadros expressavam seus sentimentos em relação a sí mesma e ao mundo! Os jovens falaram bastante de como ela era decidida e como se colocava firmemente quanto às suas convicções. Mas também de como fora controlada pelo marido e como foi entristecendo com o passar dos anos.
Mas a parte que mais pegou as jovens foram as 'pegadas' de Frida na adolescência. kkkkkkkkkkk
Na sequência assistimos ao filme Clube da Luta. A discussão foi sendo mais aprofundada e fui tentando relacionar a psicose de Edward Norton com a expressão pela pintura de Frida.
As jovens falaram muito da pressão da sociedade pelo consumo e da dificuldade em se fazer entender sobre o que não quer fazer da vida na relação com a família. Conversamos sobre como o meio em que crescemos e vivemos pode influenciar nossas escolhas e sobre quantas vezes queremos uma coisa não por querer, mas pra faezr parte de um grupo social. Os jovens colocaram questões cobre como o ter se sobrepõe ao ser, sobre a discriminação social que rola e faz com que eles queiram ter coisas pra ser vistos e aceitos!
Nesse processo foi muito tendente a entrada na discussão sobre o mundo do trabalho, sobre as diferentes formas de trabalho e tals.
Muitas expressões do tipo "preciso trampar pra ser alguém na vida" e a ausência de possibilidade de explicar o que é "ser alguém na vida" me fizeram refletir também sobre como nos coisificamos no mundo. Muitos jovens querem ser modelo, médico, veterinário... mas não fazem muita idéia do caminho a percorrer neste sentido! Outros ainda querem ser muito ricos, querem ter carros importados, casar com a loira da cerveja, com o Gianecchini, ter casa na praia, ser a familia doriana...
Então pra completar o processo de construção da cartografia do EU, fomos visitar a exposição 6 Bilhões de Outros, no MASP (essa parte aqui linca com a visita da Maria e do Valter). Visitamos também o Solo Sagrado, mas muito mais como local pra fazer as fotos que comporiam a cartografia, do que pelo lugar em sí.
Na exposição os jovens viram e ouviram as idéias de pessoas de tudo quanto é lugar do mundo sobre a vida, a felicidade, a morte, o amor, o trabalho, o medo... Tantas coisas que eles também pensam aqui no dia a dia, mas traduzido pelas mais diferentes culturas mundo afora. Para muitos foi belo, foi triste, foi bonito... Mas marcou poder ver pessoas tão simples quanto eles, vivendo uma vida como a deles, do outro lado do mundo com outra visão de mundo. Inclusive, haviam muitos gringos no MASP naquele dia e os jovens ouviram também os mais diversos sotaques, nas escadas, no elevador, nos salões...
Infelizmente também nos marcou o preconceito da segurança do MASP que ficou seguindo, sem razão aparaente, um grupo de jovens que estava no primeiro andar vendo obras da exposição sobre o romantismo. Mais um triste exemplo de que, nos espaços "nobres", mas também em outros locais, o pobre é visto como um potencial criminoso só por ser pobre...
Voltando ao Prainha os jovens iniciaram a construção de suas cartografias, onde colocaram as fotos tiradas no Solo Sagrado no centro de um universo de coisas que queriam ter ou ser na vida. Fazendo recortes de revistas foram compondo seus sonhos, vontades e idéias sobre o presente e o futuro!
O resultado esta aqui abaixo!

fotos logo mais

Debatendo os Problemas Políticos (e não só...)

postagem referente à semana de 19 a 21 de Abril

Finalizadas as discussões sobre o Plano Jovem retomamos as conversas sobre participação política! As jovens haviam iniciado esse processo na semana anterior e ele devia culminar no plano jovem, mas por conta da quantidade de coisas a fazer e de outros atropelos estruturais a conversa se prolongou um pouco mais!
A coisa aqui vai ficar meio enrolada, então pegue um café e tente seguir o raciocínio nem sempre lógico deste educador!  Atrasar a postagem mata a emoção do relato!
A gente discutiu sobre as diferentes formas de organização da sociedade e as diferentes formas de participar na vida pública: organizações não governamentais, coletivos, partidos, movimentos sociais, etc.. Com um exemplo, não muito bem sucedido é verdade, de como decidir se devíamos pintar ou não uma parede a partir das diversas formas de organização política de um grupo de pessoas, discutimos as vertentes políticas. Os jovens visitaram o Memorial da Resistência e foram conhecer um pouco da história política do Brasil. Na volta fizeram relatos sobre a visita que podem ser lidos na seção Turma da Tarde deste blog.
Assistimos então ao filme Batismo de Sangue, baseado no livro de Frei Betto sobre a ditadura militar e conversamos, com a participação do Kleber, educador da manhã, sobre o direito de se organizar, sobre repressão, sobre a história recente de nosso país e sobre como alguns atores daqueles tempos ainda estão, hoje, coordenando a nossa política, grandes empresas e grandes veículos de comunicação. E como isso tudo influenciou a educação, a cultura, os partidos políticos, a comunicação, entre outros desde a década de 60 até hoje. O mais tenso é que muitos jovens não faziam idéia do passado recente de nosso país e uma situação que achávamos superada de nosso tempo, quando as aulas de história iam somente até a proclamação da república, se mostrou muito atual: a negligência da escola pública sobre a história do Brasil de 1900 em diante. Acabou sendo mais uma aula de história do que uma discussão propriamente dita.
Na quarta feira à tarde, 20 de Abril, recebemos um e-mail da Maria Brant sobre o processo das bolsas e na quinta feira abrimos um franca conversa com os jovens sobre a situação deles em relação à bolsa e mostramo-lhes o e-mail. Parece que as discussão sobre política dias antes vieram a calhar e os jovens resolveram que queriam se manifestar quanto ao caso. Inclusive porque dias antes havíamos feito uma conversa reflexiva com algumas delas sobre oportunidades de empregos que surgiram e as pressões familiares. As jovens decidiram por escrever suas opiniões e reivindicações em tarjetas e que fosse compilado o conteúdo num e-mail ao CENPEC. E assim o fizemos! O conteúdo do email enviado ao Cenpec pode ser lido na página da turma da tarde. Por conta da dinâmica louca do processo, o fim do período de adesão e a necessidade de adentrar outras discussões pertinentes aos processos que viriam, esta vivência finalizou o eríodo de discussão mais objetiva sobre política. Na semana seguinte o Vagner e a Maria colaram aqui na Associação e conversaram com a turma da manhã e com a nossa equipe sobre o problema das bolsas, sobre as cartas dos jovens e sobre a mediação de conflitos políticos no programa. Momento para avaliar que enquanto grupo todos temos responsabilidade sobre o que dizemos e sobre o que fazemos no Programa em relação aos jovens.
A turma da tarde tinha exploração marcada para o MASP e preferimos manter o cronograma (essa parte aqui vai fazer sentido quando eu começar a relatar as discussão sobre o EU, na próxima postagem).
Venho sendo crítico em relação às oportunidades de trabalho que surgem para alguns jovens e temos feitos conversas no sentido de que o jovem não simplesmente aceite o trabalho por ser um trabalho, mas avalie as condições desse trabalho, reflita sobre ganhos e perdas em relação a sair ou permanecer no PJU, sua relação com a família, sua necessidade real de trabalho e seu desenvolvimento intelectual, etc.. Nesse processo alguns jovens optaram por permanecer no Programa e outras optaram por vivênciar as oportunidades de trabalho. E assim vamos vivendo! Não queremos que os jovens se arrependam nem de uma escolha nem da outra, mas que reflitam e escolham com propriedade! E não simplesmente ajam de acordo com o que a moral liberal prega!

fotos logo mais!