sábado, 16 de julho de 2011

A CIDADE TAMBÉM É MINHA !

Logo após as produções do encontro público iniciamos uma discussão sobre a CIDADE e JUVENTUDE, a prosa foi muito boa, iniciamos as discussões com as contradições encontradas na cidade de São Paulo, e como a juventude se insere nela, as estratégias para discutir o tema com @s jovens foram desde explorações ao centro da cidade, discussão em grupo, produção livre a partir de reflexões e vídeos...

O trampo iniciou com um visita ao centro da cidade,  o berço das contradições - visitamos lugares históricos, fazendo uma comparação entre a história oficial apresentada pela historiografia e os diversos acontecimentos e apropriação da cidade tanto por grupo de jovens, quanto pela história que a cidade não conta.

Nosso roteiro tem como ponto de partida o teatro municipal.

Em frente ao Teatro questiono o grupo: O que rolou aqui? A resposta vem em coral, A semana de Arte Moderna de 22, num é aqui que rola os concertos das orquestras e aquelas músicas esquisitas cheio de instrumentos estranhos ... sim, mas vocês sabiam que aqui também, bem aqui na frente foi palco de muitos protestos realizados pelo movimento Punk e grupos ligados a AGP - ação global dos povos, sabia que aqui também foi palco de muitas manifestações de movimentos sindicais, aqui também é o local de trabalho de muitos artistas que fazem da rua um palco. Loco pensar que isso não aprendemos na escola e essa história ninguém conta. 

Depois passamos pelo viaduto do Chá, passamos em frente do prédio da prefeitura e fizemos outra parada na Praça Patriarca. 

Na praça Patriarca, conversamos sobre as personalidades petrificadas na cidade como a estatua do José Bonifácio, que dá origem ao nome da Praça do Patriarca, nas aulas de história da escola aprendemos quem foi o Sr José Bonifácio - um dos principais personagens para o Brasil conquistar a independência , o que não aprendemos é quem mais está envolvido nessa história, quem geralmente se apresenta para todos nós são os "heróis", assim como não ficamos sabendo quando um grupo de mulheres toma a praça no dia 13 de maio de 2010 - para reclamar a morte de seus filhos e parentes nos crimes de Maio de 2006,  as Mães de Maio espalharam fotos de seus filhos pela praça e em um tom lúdico rebatizaram a praça para Matriarca Dandara, para falar que somos mulheres, mães e não esquecemos o que o estado brasileiro fez com nossos filhos e parentes. 
  

Depois da parada na praça Patriarca, demos uma passada no Centro Cultural Banco do
Brasil, e o artista escher aprimorou nosso olhar sobre a cidade cheia de contradições, aprendemos a ver que nem sempre o que parece é, e que temos que fixar bem os olhos para enxergar além do que nos é mostrado. 

Por falar em ampliar a visão, saímos do CCBB e fomos ate o prédio do Banespa - o Banespão para enxergar a cidade de cima, Cidade Gigante, Cinza, com muitos prédios, mendigos dormindo pela rua, inclusive um deles brigou com o funcionário do restaurante chique na frente do Bovespa, cidade nada acolhedora, gritos, sujeira, miséria e mais prédios, é como se um sussurro dissesse parem ! 1 minuto de silêncio por favor... mas olhando de cima tudo se silencia, vemos o local de fundação da cidade, a catedral  da Sé linda, palco das manifestações por diretas Já na Ditadura, e ainda que contraditória a cidade pode ser bonita e amada, e pode ser minha e sua também, quanta coisa cabe, cabe?  


   
Descendo passamos pelo largo do café, paramos em frente ao Bovespa e conversamos sobre esse prédio tão emblemático, Sabem que aqui fica a bolsa de valores de São Paulo? e sabem também que antes de ser a Bolsa aqui ficava a Igreja do Rosário dos pretos construída pelas Irmandades de negros alforriados, mais um fato que a cidade esconde... 
     
Na sequência fomos ate a Estação São bento conhecer um dos pontos de encontro dos movimento Hip Hop e Punk em São Paulo e encaminhamos para o largo do paissandu, conhecer para onde foi realocada a Igreja do Rosário, passamos pela estatua da Mãe Preta e finalizamos nosso roteiro turístico pelo centro da cidade na Galeria do Rock.
Chamei a atenção d@s Jovens para a presença negra na cidade, tanto nas galerias, na Igreja do Rosário e na estação São Bento com os movimentos juvenis e que a cidade também pode ser nossa, basta nos apropriarmos dela e deixarmos nossa marca, assim como vários na história o fizeram.


 


Diante do ponto de partida da exploração pela cidade e suas contradições, voltando para nosso QG, iniciamos as produções sobre o contexto da cidade, assistimos os vídeos Entre Rios, e a Ponte - e ouvimos músicas São, São Paulo do Tom Zé, A cidade do Chico Scense, da Ponte pra cá do Racionais e Grajauex do Criolo Doido, cada grupo de jovens criaram sua própria produção e impressões sobre a cidade que pode ser vista na pagina da turma da manhã - produções cidade turma da manhã !, também realizamos stencils com frases feitas a partir das reflexões em grupos, confeccionamos um mural que está exposto na associação.

Para finalizar a discussão sobre Cidade e Juventude a Elaine - fez uma apresentação e discussão com os jovens sobre seu trabalho de pesquisa sobre Juventude e Cidade, um dia que trouxe muita reflexão sobre a condição de ser jovem em São Paulo, questão mais contraditória que a cidade que nos cerca.

Nesse momento estamos em período de Experimentação e fazendo discussões sobre o Mundo do Trabalho.
daqui a pouco tem mais novidades no programa.
 

1° Encontro Público.

Tod@s nervosos, ansiosos - ai sera que vai dar tudo certo? que nervosismo, quanta gente, nunca falaei para tantas pessoas assim ...

Eis que chega a hora, a única orientação feita por mim no papel de educador foi - Gente produzam aquilo que mais fez sentido para vocês no programa, e lembrem-se não existe nem bom, nem ruim, nem feio ou bonito, o que existe é o que ficou de melhor para cada um/a de vocês, o que vão carregar na bagagem para vida, e o que querem dividir na apresentação.

Esse foi o resultado: um programa de rádio sobre preconceito, primeira discussão no programa, que nos levou ate o Museu Afro - Brasil, vídeo com as explorações realizadas com os jovens durante o programa.

O mais loco desse processo todo é perceber que tudo aquilo que passamos junt@s no PJU, fica guardado no coração de cada um/a, e em cada pessoas fica de um jeito diferente, as produções me surpreenderam muito, e principalmente a forma que @s jovens procederam na realização delas, com autonomia e dedicação, fico orgulhoso ver materializado as discussões e reflexões feitas pelo programa.

Parabéns a tod@s @s jovens que se empenharam na produção dos trabalhos expostos no 1° Encontro Público da 6ª Edição do Programa Jovens Urbanos.

Confira aqui o resultados dos trabalhos da turma da manhã do PJU - Prainha:

Programa de rádio com a temática preconceito.
Rpju-pronto by user1724335


Vídeo sobre as explorações realizadas pela turma.

                                

segunda-feira, 11 de julho de 2011

orgulhoso no encontro público

Os preparativos para o Encontro público foram tensos... Ao comunicar os jovens das apresentações públicas que teriam de fazer sobre o que tinham vivido no PJU elas esperaram o de praxe: “e aí, Rodrigo, o que vamos fazer?”. E eu, pra despertar ainda mais o amor de meus educandos fui categórico: “ a decisão é de vocês, foram vocês que viveram... eu posso dar umas dicas, orientar, mas quem decide o que vai pro encontro são vocês!”.
Fizemos, então, uma tempestade de ideias sobre o que, como, quem, porque e pra que deveria ser apresentado. Dentre as opções foram escolhidos o blog, o programa de rádio, a fotonovela e os zines de sexualidade. Dois dos grupos formados durante as discussões sobre mundo do trabalho se juntaram e organizaram uma peça de teatro baseada nas ideias que já vinham conversando em separado. Mesmo assim não foi fácil, pois uma vez escolhido o que seria apresentado foi preciso definir a ordem, quem faria os relatos, etc.. Em vários momentos o questionamento se baseava na ideia de que eu devia dizer o que fazer, onde ressaltei que o encontro público é um momento deles e que se tivesse que sair zuado assim seria, mas devia ser um produto deles, baseado em tudo que fizemos... se tivesse feito algum sentido pra eles, se o meu trabalho tivesse algum valor, alguma eficiência, ficaria expressado na apresentação deles! E assim se seguiu, os grupos discutindo, as vezes brigando, uns entrando nas apresentações, outras saindo, algumas se dispondo a falar em público, outros morrendo de medo... O grupo de teatro, a parte disso, também vivia suas tretas e alegrias... por um momento chegou-se a cogitar de não fazer, que ia ser uma droga! Foi um momento muito intenso!
Sentamos, conversamos, discutimos, criticamo-nos reciprocamente! O pessoal chegou a vir de segunda, pra concluir os trampos!
No dia da apresentação a tensão tomou conta! Acho que escutei umas cinquenta vezes “Rodrigo, posso ir embora!?”. Mas na hora em que chegamos no palco, confesso que fiquei orgulhoso!
Se você visse e ouvisse os temores anteriores ia entender o que eu digo! Dani, Lucas Luan Santana, Carol! Vocês foram demais! Guentaram o medo e a ansiedade, e alguns chatonildos na platéia, e fizeram! Não importa os gaguejos, enroladas de língua e afins! Isso é normal, faz parte do aprendizado! O que vale é que vocês subiram lá e fizeram!
E, é claro, foi um espetáculo o pessoal que fez o teatro: Rita, Yasmin, Keila, Ingrid, Laura e Stella! Vocês arrebentaram! Todo o processo, a ideia, o roteiro, os diálogos, o fechamento, as piadas, a seriedade... foi tudo obra de vocês! E bem como a glória dos aplausos e dos gritos da plateia são todos de vocês, meninas! Foi demais! Sou todo orgulho de poder dizer que sou educador no prainha, onde tive a oportunidade de conhecer e trabalhar com este grupo de jovens!
E não podia deixar de reconhecer o trampo de tod@s as outr@s: Fernanda, Luana, Ciara, Alessandra, Danilo, Willian, Gabi, Marisa, Guilherme, Maria Danielle, Keith, Camila; que produziram cartazes, editaram áudio, atualizaram o blog, escolheram fotos, discutiram, deram ideias... enfim!










Foi um dos processos mais bacanas e mais intensos que vivemos nesses meses de programa...

trampar, trabaiá, trabalhar, enfim...

Findada a discussão do EU, após a ida ao Clube do Itaú, por força da própria demanda que nos levou a falar de relações de trabalho, iniciamos uma discussão que não estava no programa, pelo menos por hora. A discussão se iniciou assistindo o filme Tempos Modernos, do Chaplin, de onde começamos a conversar sobre as relações de trabalho, a revolução industrial, os movimentos de trabalhadores, o primeiro de maio, enfim, muita coisa, tudo junto e misturado. Muitas questões sobre a importância de trabalhar, o significado do trabalho na sociedade foram postas e abriram reflexões sobre a várias formas possíveis de trabalhar e ganhar o sustento e sobre a limitação da visão e a pressão moral do trabalho.
Como sequência do trabalho as jovens, divididas em grupos, foram a diferentes lugares na cidade para conversar com pessoas sobre diferentes formas de trabalhar. Conversaram com o Paulo, no CEDECA, sobre o trabalho em ONGs; com um camelô e um trabalhador formal em Santo Amaro; com o Max, da Brava Cia. no Sacolão das Artes, sobre o trabalho de grupos com arte/cultura; e com o André Bueno, fotógrafo, sobre o trabalho autônomo.
Seguindo, na volta, cada grupo trouxe fotos e relatos sobre a conversa e o que aprenderam nas explorações. Conversamos sobre os processos de busca por trabalho, as entrevistas, os direitos, os deveres e, pra finalizar, os jovens deviam produzir uma peça teatral curta que falasse sobre as relações de trabalho, a partir do que havia ficado de mais marcante pra eles no processo. Infelizmente, nem todos os grupos puderam prosseguir as produções já que o encontro público demandou um trabalho mais focado nas produções anteriores e emperrou um pouco esta discussão. Mesmo assim, um grupo de jovens produziu uma peça teatral que tratou de várias discussões que havíamos feito ao mesmo tempo: relações de trabalho, discriminação, gênero e sexualidade. Esta peça foi apresentada no encontro público.






Clube do Itaú

A ida ao Clube do Itaú era um dos momentos mais esperados pelas jovens desde o inicio do programa. Infelizmente o sol não contribuiu e o dia foi um alternado de garoa, vento, nublado... Mas, é claro, jovens não se deixam abalar e curtiram cada minuto que passaram no clube! E querem voltar! Jogamos bola, dançaram, alguns nadaram(né, Danilo!), jogaram ping-pong, todos comeram e comeram (né, Rita e Yasmin!?), pensaram na vida (né, Ingrid!?), paqueraram (esse eu não vou comentar, rs) e muito mais!
Rendeu, inclusive, algumas discussões, como no caso da jovem Stella, que se sentiu discriminada porque, por ser menina, não deixaram entrar na piscina de bermudão igual ao dos meninos. Deu uma discussão interessante sobre gênero!
Fato é que, ouça-nos o CENPEC e a Fund. Itaú, as jovens querem mais!

EU

As discussões sobre o EU se iniciaram com a projeção do filme Frida, sobre a vida de Frida Khalo.
Questões tratando sobre quem somos, o que queremos ser, como nos enxergamos e como a sociedade influencia nossas escolhas e valores permearam a discussão posterior. Em muitos momentos as jovens relembram comerciais ou novelas de TV pra lembrar o que querem ser ou ter na vida, o que demonstra muito do poder de influência desses sobre a vida dos jovens. Desejos como carro, moto, mansão, roupas, ser empresário, ter um namorado bonito, ser médica, ser feliz, etc, foram os mais relatados como sonhos para a vida... mas quando a questão era como chegar lá o silêncio e a dúvida imperavam...
Nesse momento da discussão fomos até o Solo Sagrado, com objetivo de sair um pouco do espaço da ONG e fazer a discussão num 'terreno neutro', até porque foi esta a semana da noticia e discussão sobre o aumento do prazo para inicio da bolsa trabalho. Também aproveitamos esse espaço para fazer fotos dos jovens que posteriormente comporiam um mural de sonhos, onde os jovens deveriam colocar em torno de suas fotos imagens que simbolizassem o que queriam ser ou ter na vida.
Como continuação das discussões fomos visitar a exposição 6 bilhões de outros, no MASP. A ideia foi apresentar outros valores e ideais do que 'ser' na vida, partindo de sonhos, valores e realidades de pessoas dos mais diferentes lugares do mundo.
Na sequencia da discussão a reflexão sobre a atuação na sociedade e sobre a importância de ser responsável em suas decisões e ações, tomando por principio a ética filosófica. Nesse sentido procuramos valorizar os ganhos não-materiais como importantes na formação pessoal de cada jovem. Mas em muitos momentos a discussão demandou entrar nas questões de mundo do trabalho, pelas jovens estarem passando momentos conflituosos em casa, por conta dos pais cobrarem que eles precisam “ser alguém na vida”, o que também rendeu discussões.
Enfim, produzimos um mural de sonhos, onde os jovens colocaram em torno de suas fotos imagens ou frases do que queriam pra vida. Na página da Turma da Tarde tem relato e fotos da produção jovem.